ECOSSISTEMAS CRIATIVOS EM PORTO ALEGRE
O primeiro tipo de ecossistema criativo identificado foram as casas colaborativas de Porto Alegre em função de nosso envolvimento prévio com tais iniciativas. O mapeamento das casas colaborativas ocorreu durante as reuniões mensais realizadas entre elas durante o ano de 2016 das quais participamos. O critério de seleção foi o formato de gestão, pois, para ser considerada como casa colaborativa, era necessário desenvolver processos colaborativos mesmo que de forma incipiente, pois algumas estavam recém nos seus primeiros meses de vida.
Durante a coleta de dados sobre as casas colaborativas, em 2016 e 2017, percebemos que havia um outro tipo de ecossistema criativo, semelhante a elas, mas que não desenvolvia processos colaborativos na gestão. Passamos então a denominar esses outros ecossistemas criativos de espaços coletivos de produção. Eles foram identificados através de conversas informais com profissionais de áreas criativas que trabalham nesses espaços. O critério de escolha foi a presença de empreendimentos de diferentes segmentos da economia criativa nos espaços, assim como a gestão centralizada dos mesmos.
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Inicialmente, a pesquisa focava esses dois tipos de ecossistemas criativos. Entretanto, ao longo do processo, percebemos que havia a necessidade de olharmos para outros grupos de pessoas, de perfis diferentes, que pudessem aportar com outras práticas e processos para um mundo mais sustentável, inclusivo e justo. Então, em 2017, ao participarmos de encontros para discussões a respeito de uma região específica de Porto Alegre, o Quarto Distrito, tomamos conhecimento das ocupações urbanas na zona central da cidade. O mapeamento das ocupações urbanas ocorreu a partir de uma pesquisa em matérias de jornais disponibilizadas em meios digitais e através de conversas com participantes de tais iniciativas. O critério de escolha das ocupações foi, além da localização em uma zona central da cidade, a realização de atividades socioculturais abertas ao público em geral.
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Em paralelo ao mapeamento das ocupações urbanas, identificamos um quarto e último tipo de ecossistema criativo, as moradias compartilhadas. Chegamos a elas quando procurávamos em mecanismos de busca e redes sociais digitais casos que fossem similares aos que encontramos nos livros com os resultados da pesquisa EMUDE. (JÉGOU; MANZINI, 2008; MERONI, 2007). Esse tipo de ecossistema criativo foi encontrado em menor número em relação aos outros. Porém, entendemos como não menos importante, pois traz para nosso entendimento a respeito de uma civilização sustentável aspectos fundamentais de convivência e vida em comunidade.
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A coleta de dados sobre os ecossistemas criativos mapeados aconteceu entre 2016 e 2018. Foi realizada pesquisa bibliográfica em publicações acadêmicas sobre casas colaborativas, ocupações urbanas e moradias compartilhadas. Foram, também, realizadas oito entrevistas semiestruturadas com integrantes dos ecossistemas criativos que possuíam a função de gestores e/ou idealizadores da iniciativa. O contato foi feito virtualmente e as entrevistas se deram de forma presencial no local em que se situa o ecossistema criativo do qual o entrevistado participa. As perguntas tinham como objetivo captar informações sobre o histórico da iniciativa, sobre seu funcionamento e perfil dos integrantes. Visitamos e observamos treze ecossistemas criativos, nos quais também participamos de atividades realizadas no local. Coletamos relatos de integrantes e de outros atores em eventos sobre assuntos relacionados como colaboração, desenvolvimento sustentável e transformações urbanas. A lista completa das entrevistas, visitas e participação em eventos e atividades, e os formatos de registros encontra-se nos quadros abaixo.
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Foi realizada pesquisa em páginas em rede social digital (Facebook) dos ecossistemas criativos mapeados para identificar os empreendimentos que deles fazem parte e as atividades realizadas por eles de janeiro de 2016 a dezembro de 2017.
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Empreendimentos:
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Atividades:
Os registros (imagens, áudios, vídeos e anotações em diário de campo) estão armazenados em uma pasta online no endereço: https://goo.gl/uBc62n.
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Todas as fontes de dados citadas forneceram subsídios para que pudéssemos estudar os quatro tipos de ecossistemas criativos. Devido à grande quantidade de objetos de estudo e o tempo exíguo de pesquisa, partimos de características particulares para uma generalização, o que nos levou a descrições abrangentes dos tipos de ecossistemas criativos. Entretanto, há certo destaque dos ecossistemas criativos os quais visitamos pessoalmente.