Diálogo sobre o que produzimos e trocamos
Dentre as soluções encontradas para enfrentar as dificuldades econômicas atuais está o investimento em negócios próprios e a realização de feiras e bazares para a comercialização de produtos autorais. Nos quatro tipos de ecossistemas criativos identificamos empreendedores das mais diversas áreas. Apenas entre as casas colaborativas e os espaços coletivos de produção pudemos contar aproximadamente 180 empreendimentos (as listas dessas iniciativas e suas atividades encontram-se aqui e aqui). Há também empreendimentos nas ocupações urbanas e nas moradias compartilhadas, entretanto, são em menor número.
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Percebemos que os empreendimentos em geral, nos quatro tipos de ecossistemas criativos, estão relacionados com segmentos da Economia Criativa e da Economia Solidária. São empreendimentos que trabalham em áreas como design gráfico, design de produto, moda, comunicação, música, tecnologia, audiovisual, produção cultural, arquitetura. Outros são os que atuam em segmentos como o de projetos socioambientais e de desenvolvimento humano.
Para fomentar a circulação da produção local, os ecossistemas criativos organizam feiras, bazares e brechós onde é possível encontrar toda a sorte de produtos autorais. A produção dos mesmos é feita localmente, inclusive através de parcerias entre os ecossistemas criativos. Destacamos os empreendimentos que demonstram uma maior preocupação com o meio ambiente ao reutilizarem materiais que seriam descartados. Como exemplos podemos citar a Céu Handmade na A Casa, que reutiliza tecidos; a Colibrii, no Vila Flores, que reutiliza calças jeans e tecidos de guarda-chuva; e a Revoada, no TransLAB, que reutiliza pneus.
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Além dos produtos novos, há a circulação de produtos usados em brechós. Este tipo de atividade é bastante frequente nos ecossistemas criativos e são associadas a momentos de cultura e lazer. É comum a realização de brechós e feiras com apresentações musicais e exposições de artes visuais. Atividades como essas (representadas na Figura 22) valorizam a cultura e a produção local e colaboram para o desenvolvimento socioeconômico da região, assim como geram renda para os produtores.

Propomos que o diálogo entre os ecossistemas criativos seja no sentido de unir forças para promover a produção autoral local. Se cada empreendimento é visto como pequeno isoladamente, unidos representam um número significativo de negócios que estimulam o desenvolvimento socioeconômico da cidade.
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Dentre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável entendemos que esta proposta poderia ajudar a alcançar:
No manifesto The City We Need 2.0 (UN-HABITAT, 2016a) destaca-se a importância da valorização dos negócios informais por ser uma fonte de sobrevivência para muitas pessoas e uma alternativa a situações de crise. Também se destaca o papel da economia compartilhada para a promoção do desenvolvimento econômico local.